A santa dos ciganos
Segundo alguns historiadores, por volta dos anos 50 d.C., uma embarcação teria cruzado os mares a partir de terras palestinas levando a bordo, para fugir das perseguições de Roma aos primeiros cristãos, um grupo de personagens bíblicos - Maria Jacobina ou Jacobé, irmã de Maria, mãe de Jesus; Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João; Maria Madalena, Marta, Lázaro, Maximinio e Sara, uma negra, de origem egípcia, serva das mulheres santas - e aportado em uma pequena ilha situada em águas do Mediterrâneo.
Nessa ilha está construída a cidade de Saint Marie de La Mer, erguida na foz do Rio Ródano, região da Provença, sul da França. Sara teria sido uma das primeiras convertidas ao cristianismo e morrido a serviço de suas companheiras de viagem.
Considerada pela Igreja Católica como santa de culto local, pois nunca passou pelos processos de canonização, Sara está ligada à história das tradições cristãs da Idade Média e ao assim chamado culto às virgens negras.
Não se conhece a razão exata que levou os ciganos a eleger Santa Sara como sua padroeira. Certo é que ela é a mais venerada santa para os ciganos. Todo acampamento cigano conduz uma estátua da virgem negra depositada em um altar de uma das tendas, cercadas por velas, incenso, flores, frutas e alimentos.
Contam as lendas que os restos mortais de Sara foram encontrados por um rei em 1448 e depositados na cripta da pequena Igreja de Saint-Michel em Saint Marie de La Mer. Assim, todos os anos, na madrugada de 24 de maio, milhares de ciganos de quase todas as regiões da Europa, África, Oriente e dos quatro cantos do mundo reúnem-se na pequena igreja de Saint-Michel em louvor e homenagem à sua padroeira.